Autoramas ao vivo no DoSol 2010. Foto de Rafael Passos
São quase 15 anos de Autoramas. Nessa altura do campeonato, seria preciso um assassinato ou alguma tragédia similar para qualquer coisa que eles façam no palco fique abaixo do nível do excelente. Sempre se fala muito sobre como ser uma banda tão boa, experiente e rodada não ajudou os Autoramas a ultrapassar a barreira do universo independente. Mas eu acredito que essa é uma banda que existe para dar razão ao fato que esse é um universo que não precisa ser ultrapassado. Esse show serviu para ilustrar, inclusive, como o meio independente ainda sofre dos mesmos problemas que diz ter superado em comparação a realidade de grandes bandas e gravadoras.
Explico: Os Autoramas não trouxeram o show acústico que andam fazendo para o festival DoSol. “É uma apresentação pensada para teatros”, explicou mais tarde Gabriel Thomaz. O resultado disso foram 30 minutos da mais honesta harmonia entre pop e rock, com o público inteiro na palma da mão. Rever esse show tantas vezes deixou a sensação de que falta um disco novo. “Teletransporte” é de 2007 e ai que está a pegadinha. Ninguém produz tanto quanto eles, não apenas em termo de qualidade, mas de quantidade também. Existem nada menos que 12 – doze! – trabalhos lançados entre splits, CD’s e álbuns internacionais nesses três anos.
O show teve um pouco disso com, por exemplo, músicas de “Brasil na CIEE”, que foi lançado em portugal. Mas mesmo com essa produção extensa, fica a sensação de que apenas um álbum é suficiente para virar a página de uma banda. Reflexões a parte, fica de destaque a opção da produção do evento em por a banda no espaço menor. O aperto e proximidade entre público e banda rendeu o melhor clima de toda a noite. O rock, sempre que acompanhado da claustrofobia do calor e aperto, atinge sua potencia máxima. E Autoramas na potencia máxima é sinal de noite histórica.
Da mesma série