Black Drawing Chalks ao vivo no festival DoSol. Foto de Rafael Passos
Talvez tenha sido a platéia gigantesca do SWU, ou os quase 80 shows que fizeram esse ano, mas algo fez com que o Black Drawing Chalks mudasse recentemente. Fora do palco continuam as mesmas figuras tímidas e divertidas, mas quando os instrumentos estão plugados, uma transformação toma conta de todo o ambiente. Os 30 minutos em que se apresentaram no festival DoSol não foram suficientes para dar conta do fato que eles são, oficialmente, uma banda que está a parte de tudo que acontece hoje na cena independente. Arriscaria dizer que até acima.
Existe sintonia em absolutamente tudo que acontece no palco. Parece orquestrado, do momento quando o baixista Dênis violenta ferozmente o instrumento incitando delírio puro no público até a disputa quase sanguinária entre as guitarras de Renato e do vocalista Victor Rocha, cada segundo do show é imperdível. “My Favourite Way” agora está de igual para outros hits como “My Radio” e até a nova “Red Love”, que causam comoção igual no público.
Se considerar que é uma banda de origem totalmente fora do eixo (sem trocadilhos!), talvez seja possível arriscar também que nenhuma banda independente no Brasil chegou tão longe cantando em inglês desde o Sepultura. Existir tão bem dentro desse contraste entre um gigantesco SWU e um evento para duas mil pessoas, como foi o DoSol, mostra o tipo de sinergia que a cena independente tem potencial de alcançar nos próximos anos. Se depender do desempenho no palco, da qualidade das músicas e postura da banda, o Black Drawing Chalks pode ser fácil a banda simbolo dessa mudança.
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